quinta-feira, 28 de junho de 2007

Caminhada contra a violência marca o Dia do Orgulho GLBT em São Paulo

O ato terá duração de três horas e ocorrerá em uma das regiões mais movimentadas da cidade
Hoje, dia 28 de junho, Dia Internacional do Orgulho GLBT, a Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo (APOGLBT) promove uma caminhada contra a violência nos redutos de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais, conhecidos por quadrilátero dos Jardins e Triângulo das Bermudas, em Cerqueira César, próximo à avenida Paulista.
A concentração ocorre a partir das 19 horas na esquina da Rua da Consolação com a Alameda Itu, próximo ao Bar du Bocage, e deve seguir pela rua Augusta, onde termina, por volta das 22 horas.
A manifestação é motivada pela série de espancamentos, assassinatos e arrastões de gangues, muitas vezes identificadas como neonazistas, que vêm ocorrendo na região dos bares e restaurantes daquela região. Ela conta com o apoio da Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual da Prefeitura de São Paulo (Cads), do Centro de Referência em Direitos Humanos e Combate à Homofobia e da equipe da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) e integrará ações com o Dia Nacional de Luta pela Aprovação do PLC 122/2006, chamado pela Associação Brasileira de GLBT (ABGLT).

Não se Cale!

A atividade faz parte da campanha da APOGLBT "Não se cale!" que visa a alertar a população GLBT para a necessidade de registro policial das ocorrências de violência homofóbica.
Durante a manifestação será disponibilizada, para a população que comparecer ao ato, materiais educativos contra a violação de direitos de GLBT. A partir dessa data, também serão disponibilizados no site da APOGLBT a cartilha "Não se cale!" e o relatório da pesquisa realizada na Parada do Orgulho GLBT de 2006.
A campanha “Não se Cale!” teve início com manifestação no dia 23 de fevereiro, na Rua Vieira de Carvalho, esquina com a Praça da República, onde ocorrem ataques sistemáticos de ladrões aos GLBTs que freqüentam os bares, além de gangues de neonazistas que agridem gratuitamente GLBTs que passem pela praça.

B.O.

Na região em que haverá a manifestação, ocorreram nos últimos dias casos de agressão a um casal de homossexuais e uma lésbica de 17 anos. Na sexta-feira (22), houve novo arrastão de gangue, que provocou o assassinado de um garçom de 19 anos. Outro caso que teve ampla repercussão foi o assassinato a facadas de um turista francês, logo após ter ocorrido a Parada na Avenida Paulista, na noite do dia 10.
No ato do dia 23 de fevereiro, o estopim foram os casos do ator que levou um chute de neonazistas e perdeu o rim, em plena Praça da República, além do professor que ficou desfigurado após espancamento na região dos Jardins. Após o ato, a polícia começou uma rotina de policiamento na região da Praça da República.

Reivindicações

A intenção da APOGLBT ao convocar a manifestação é chamar atenção para a necessidade e urgência de:
* Aprovação do PLC 122/2006, que criminaliza a homofobia e tramita no Senado;
* Capacitação de policiais para o atendimento de vítimas de violência, sobretudo quando se trata de crimes homofóbicos ou de intolerância;
* Aumento do policiamento preventivo na região
* Rápida apuração e punição da autoria dos crimes ocorridos.

Pesquisa
Entre os entrevistados na pesquisa Sexualidade, Cidadania e Homofobia, realizada na Parada do Orgulho GLBT de São Paulo de 2006 com apoio da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, 59% relataram uma ou mais situações de agressão ao longo da vida.
A maior parte dos casos de agressão relatados (60%) ocorreu em locais públicos. Logo depois, aparece o ambiente doméstico (15%), seguido do ambiente escolar (12%), do trabalho (7%) e de estabelecimentos comerciais (5%). Os agressores, em sua maioria, são desconhecidos. Esse padrão apresenta variações de acordo com fatores como o sexo e a idade dos entrevistados. No entanto, chamam atenção dados sobre agressão física e agressões em locais públicos envolvendo GLBT, que são mais comuns entre os mais jovens.
Outro ponto destacado pelo documento é o percentual de participantes que declarou ter sido mal atendido em delegacias por policiais (18%) devido à sua orientação sexual ou identidade de gênero, visto que o contato com serviços policiais não é algo cotidiano.
Embora a incidência de agressões motivada pela sexualidade seja alta, apenas 11% dos agredidos chegaram a procurar a polícia. São dados como esse que subsidiaram a elaboração da campanha e da cartilha “Não se Cale!”.
As informações são da APOGLBT, fone: 3362-2361 (www.paradasp. org.br)

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